Lia Segre, do Vozes da Educação
“A escola é do século 19, o professor do século 20 e o aluno do século 21”. A frase, utilizada com frequência para expressar o descompasso entre os docentes e o uso de tecnologia em sala de aula, deve ser relativizada segundo dados de uma pesquisa lançada em junho no Brasil.
O estudo TIC Educação analisou 650 estabelecimentos educacionais, sendo 497 escolas públicas e 153 particulares em 2011, e foi divulgado em junho pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br). Revelaram-se números como: 97% das professoras e 98% dos professores utilizaram internet nos três meses anteriores à pesquisa. Entre os docentes com mais de 46 anos, 95% navegaram na internet naquele período. Os resultados colocam os professores em um patamar de inclusão digital acima da média nacional: 45% dos brasileiros possuem computador, 38% acesso à Internet (TIC Domicílios 2011), enquanto que 94% dos professores possuem computador e 88% possuem conexão em casa; e 79% acessam a rede todos os dias.
A pesquisa é bastante ampla – o resultado completo pode ser acessado aqui. Em relação aos docentes, 94% das professoras possuem computador em casa (95% no caso dos homens). E quase não há variação entre as faixas etárias nesse quesito. Outro dado que se destaca é que metade das professoras leva seu computador portátil à escola. Nessa parte da pesquisa, houve uma disparidade entre os sexos: 68% dos professores homens levam seu computador. E também houve disparidade entre as idades: até 30 anos, 73% levam; de 31 a 45 anos 58% e, a partir dos 46 anos 39% carregam seu portátil. Realizar tarefas no computador é outro dado que revelou alguma diferença de sexo e faixa etária. 61% das mulheres não tem nenhuma dificuldade em copiar arquivos e pastas, enquanto 75% dos professores homens não têm. E 83% das e dos professores até 30 anos não tem nenhuma dificuldade com isso, enquanto 49% das e dos professores com mais de 46 anos não tem dificuldade. 64% dos professores ensinam os alunos a usar computador e a internet, 42% pesquisa informações em livros, revistas ou internet para a preparação de aulas.
O Vozes observou que algumas desigualdades regionais se mantêm na pesquisa: a porcentagem inclina para uma maior inclusão digital nas regiões mais ricas do Brasil. E, quanto mais avançada a série em que o/a professor/a leciona, mais acesso à tecnologia também.
Uma pergunta da pesquisa era se os professores achavam que em sua escola os alunos entendiam mais de tecnologias do que eles: 40% das professoras concordam com essa afirmação e 34% dos homens. 26% concordam totalmente. Apenas 23% concordam em parte com a afirmação “acredita mais nos métodos tradicionais de ensino”, e 37% discordam totalmente. Na frase que dizia que o professor “não sabe de que forma” utilizar o computador ou a internet na escola: 75% discordam totalmente. Já na frase “os professores não tem tempo suficiente para preparar aulas como computador e a internet”, 19% concordam totalmente, 25% concorda em parte, e 34% discordam totalmente.
No Brasil a estrutura tem suas limitações: 100% das escolas possuem computador, mas o número de equipamentos por aluno é muito limitante para expandir o uso das TIC segundo os professores (55% deles pensam assim), e 51% dos coordenadores pedagógicos. A baixa velocidade da conexão é outra dificuldade que a pesquisa revelou. 52% dos docentes mencionaram que esse problema atrapalha muito, o que relativiza o número de 93% das escolas com acesso à internet. Essa pesquisa mostra que os professores (ao menos os brasileiros) e os alunos não estão apartados das tecnologias da informação (TIC), elas fazem parte de suas vidas, mas não estão completamente integradas com a educação.
Onde deve estar a tecnologia dentro da escola?
Em 2010, 81% dos estabelecimentos de ensino tinham computadores apenas nas salas de informática, e 86% em 2011. 4% das escolas públicas possuem computadores em sala de aula.
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